domingo, 24 de julho de 2011

Ter filho não é para todo mundo!

Será que todos os seres humanos precisam ser pais? Não sei. Cuidar bem de uma criança, além de ser de sumária importância, dá um trabalho danado. Crianças choram à noite, nem sempre dormem bem, precisam de cuidados especiais, de limpeza, de banho, alimentação, ser educadas e acompanhadas até a idade adulta. E, principalmente: crianças precisam da presença dos pais, sobretudo as menores, que requerem a mãe na maior parte de seu tempo. Não é dando dois beijinhos pela manhã antes de ir para a creche, ou colocando a criança para dormir à noite, que será possível transmitir segurança, afeto e tranquilidade. Escuto muito a seguinte frase: “Doutor, o que interessa é a qualidade do tempo junto e não a quantidade”. Duvido. Diga ao seu chefe que você vai trabalhar apenas meia hora por dia, mas com muita qualidade. Certamente ele não vai gostar. Seu filho também não.

Sejamos sinceros, nem todo mundo está disposto a arcar com esse ônus. Talvez seja melhor adiar um projeto de maternidade, e mesmo abrir mão dessa possibilidade, do que ter um filho ao qual não se pode dar atenção, carinho e presença constante. Lembre-se que é preciso dedicar um tempo razoável: brincar junto, fazer os deveres de casa, educar, colocar limites.

Como fazer tudo isso e ainda continuar no mercado de trabalho? Usando seu horário de almoço para comer junto com seu filho. Fazendo visitas na creche durante o dia. Passeando no final de semana, em atividades em que a criança seja prioridade, como praia, parques, jogos em conjunto. Por favor, isso não inclui shopping center.
Sou obrigado a fazer todas essas coisas? Claro que não. Mas ser pai e ser mãe também não é uma obrigação, sobretudo nos dias de hoje em que a vida oferece infinitas possibilidades. Trata-se de uma escolha. E, como toda escolha, pressupõe que você abra mão de outras tantas. O que se propõe? A volta da mulher à condição de dona de casa? Também não. O que se propõe é a conscientização da paternidade e maternidade. A infância determina a vida de todos nós. Ela é fundamental para a existência humana. Na esfera psíquica, os primeiros dois anos significam a base da construção de uma personalidade saudável. A violência, a agressividade, a falta de ética, a amoralidade dos tempos modernos não são apenas fruto de dificuldades econômicas e sociais, mas da falta de amor, educação, limites.

Com a vida moderna, as crianças passaram a ocupar um papel secundário ou terciário na vida familiar. Lembre-se de que o futuro da humanidade vai depender dessas crianças que, provavelmente, chegarão aos 100 anos de idade. Fico triste quando, no consultório, a mãe não pode estar presente, ou o pai. E nem mesmo a avó: apenas a babá.

Deveríamos fazer uma análise tranquila antes da maternidade ou da paternidade. Queremos mesmo mudar nossa vida? Vamos ter condições de participar intensamente da vida desse novo ser? Se lograrmos essa consciência, tenho certeza de que o mundo irá melhorar.
 José Martins Filho é médico pediatra, autor do livro A Criança Terceirizada, professor e pesquisador do Centro de Investigação em Pediatria

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI236755-17774,00.html






Sinceramente?Eu não tenho muito o que comentar. Pois esse texto já disse tudo. E como sempre digo, nem todo mundo está preparado para ser mãe (ou pai!)!



 

9 comentários:

anaSODIO disse...

mto bom o texto! não sou mãe (ainda!) mas tb compartilho da msm opinião!
ficam me falando q tem idade p/ ser mãe... q ter filho dp dos 30 (q é o q to planejando) não é bom, pq vc vai tá velha e não vai ter pique... a idade tá na cabeça d cada 1! e se nós não estamos prontos como pessoas ou c/ a estrutura p/ oferecer td esse apoio p/ nossos filhos, não temos pq nos desesperar! é só planejar! pq dp, como aconteceu c/ minha mãe, q não se programou e foi mãe solteira... perde momentos mto importantes da vida dos filhos e fica se arrependendo... isso é mto triste!
e vejo pai e mãe negociando esses momentos c/ os filhos... q chega a dizer q já deu o tal presente e agora precisa trabalhar, ou até faz essas tentativas d passar tempo junto, fazer visitas surpresa na escola e afins... mas aí, acham q já deu, cansam e param... é, mto empenho msm! e dp q os filhos adolescentes não querem ser vistos perto e tem vergonha, ficam tristes... mas criar filho "à distância" não dá certo! aí ficam essas crianças q não sabem ouvir "não" e etc!
tá loco... #deusmelivre
(parabéns Kira! to amando seu blog!)

Kecia disse...

Concordo com o texto, mas não em alguma partes.

Concordo que nem todo mundo está preparado para ser pai/mãe, mas muita gente se vê nessa situação e consegue lidar muito bem com a situação, já outros planejam, se preparam, sonham, desejam, e simplesmente não conseguem.

Sobre o tempo, a qualidade e o trabalho: qual o trabalho que aceita com que vc saia, no meio do expediente para visitar seu filho na creche?
Qual o tempo de horário de almoço que seria necessário para você conseguir comer com calma e ter um momento bom, com qualidade, com seu filho?

E também não concordo quando ele discorda que o que interessa é a qualidade, não a quantidade de tempo que se passa com a criança.
sejamos sinceras: acha que um filho seria mais "seguro", mais "feliz" podendo estar em casa com sua mãe, mas que a mesma, ao invés de sentar, brincar, fazer atividades e estimular a criança fica fazendo afazeres domésticos, no computador, fazendo apenas o necessário: dar de comer, colocar pra dormir, colocar fralda...?
Ou seria essa criança mais "segura", mais "feliz" com uma mãe realizada e igualmente feliz dentro de casa, que, a deixa numa creche de confiança, tendo a certeza de que está bem cuidada, está sendo estimulada, está aprendendo e socializando enquanto ela se realiza profissionalmente e que, enquanto juntos, essa mãe faz de tudo para aproveitar com QUALIDADE o tempo que está com seu filho, passeando, brincando, dando-lhe atenção exclusiva?

Sei lá, eu não sou muito fã desses autores inflexiveis e extremistas, acho que são situações que não se deve generalizar, e devem ser vistos, estudados e comentados individualmente.

Isabela Kanupp disse...

Kecia, concordo com vc, de nada adianta ficar com o filho em casa e mimimi se você não tem tempo PARA ELE, sele fica jogado, com babá ou até mesmo brincando sozinho!
Acho que a combinação, quantidade + qualidade é fundamental.

Claro que tem gente que, não tem como deixar de trabalhar para ficar com o filho sabe?Mas como já disse milhares de vezes, eu abri mão de muitas coisas, mais conforto para mim principalmente, para deixar de trabalhar e ficar em casa com a Beatriz até no mínimo 2 anos.

O que acho errado é, se você não tem como dar o mínimo de tempo para o seu filho, se toda a convivencia que vc tem com ele, é antes de ir ao trabalho e quando volta, é melhor nem ter.



Outro ponto é, uma criança pode muito bem ser estimulada, se desenvolver até mais, e ter uma vida social SEM CRECHE, alias, uma criança antes dos dois anos ir a creche não muda NADA na vida, educação etc dessa criança.



Enfim, no mais, concordo 100% com o texto postado. =)

Kecia disse...

Sim, sim Kira, tbm concordo! Tem que ser um conjunto com qualidade e quantidade.
Mas quando a quantidade não é possível (como vc mesma falou, tem gente que realmente PRECISA trabalhar, e nem isso, tem mulher que QUER trabalhar, por uma questão psicológica, se sentir útil e talz).

Sobre a creche tb concordo! Pode muito bem a fonte de estímulo e socialização fora dela, mas para as mães que precisam trabalhar e deixam os pequenos lá, vale a pena ressaltar, que estão super bem cuidadas, né!

Agora, sobre ir para a escola antes dos 2 anos não mudar em NADA a vida dessa criança, isso é equivocado! Muda sim, e muuuuuuuuuuito!!! Pra melhor, na maioria das vezes!
Acredite: escolinha faz muito bem pra criança antes dos dois anos!

Viviani F. Polli A. Barbosa disse...

Bom meninas, esse assunto liga com uma situação que presenciei nesta semana. Bom, fui viajar para o Sul e num dos dias que eu estava almoçando, vi um casal conversando no restaurante. Uns 20 minutos depois, chega a babá com um bebê de uns 10-11 meses no carrinho, se aproxima da mesa. A mãe, ainda sentada diz: - O que ele quer? E a babá: - Olha, ele está mandando beijo pra vc.
Quase engasguei. A mãe não sabia que o bebê aprendeu mandar beijo!
Caraca, quem nunca errou com os filhos, atire a 1.a pedra, mas poxa, um casal levar a babá na viagem? Será que 2 pessoas não dão conta de 1 bebezinho? E a intimidade, como fica com uma pessoa estranha sempre por perto?
Meu marido ficou bege-fosco com a situação. Ele é do tipo que não deixa minha filha sozinha de jeito nenhum. Até na recreação do hotel, ele fica junto.
Bom, depois do ocorrido, a babá pediu água quente prá mamadeira do pequeno e saiu com ele de perto. Os pais nem se dignaram levantar da mesa pra pegar o bebê do carrinho. E detalhe, não estavam almoçando, estavam tomando chá. Britânico não?
Quando minha filha nasceu, eu parei de trabalhar 6 horas antes do parto e voltei 1 mês depois. Necessidade. Beatriz ficava um dia em cada avó e graças a Deus, minha empresa é próxima das 2. Corria amamentar 4-5 vezes por dia. Parei uma reunião pra correr amamentá-lá. Prá escolinha, ela foi com quase 4 anos. Hj, ela tem 12. É uma menina especial. Fazemos questão de tê-la sempre por perto. Almoço, jantar, lições de casa são feitos juntos conosco. Ela já trabalha com a gente. Faz um programa diário de 1/2 hora em minha web rádio.
Foi corrido? Muito.
Foi estressante? Algumas vezes.
Foi cansativo? Ainda é.
Vale a pena? Cada segundo vale a Pena por ver a pessoa que a Beatriz está se tornando.
Sou uma mãe de merda, mas acho que estou acertando...

Carol disse...

Não está mesmo, por isso tantas mães, aliás monstros, jogam os filhos
no lixo, na rua, no lago...
Outros ainda ficam com eles e passam a vida tratando mal e batendo.
Ser mãe ou pai é uma responsabilidade imensa, e deve ser pensada com carinho antes.
Agora se o filho aconteceu, a pessoa deve tê-lo e cuidar com amor e carinho, e não for para cuidar bem, então dê para adoção, tem tantos casais que sonham com um bebê e não tem essa oportunidade.

Gostei do texto, muito bom.

Depois me visita ;)

Tem 3 sorteios e post novo em homenagem a Amy: http://carolprivatewonderland.blogspot.com

beijos

Michela Yaeko disse...

Queridos e queridas, recomendo a leitura de dois livros bacanas: um se chama "A criança terceirizada", do próprio Dr. José Martins Filho. O segundo é o "Cuidado, afeto e limites: Uma combinação possível", do Dr. Martins com o psicólogo Ivan Capelatto. Se vcs gostaram desse texto, vão amar os livros.

Kira, saudades de vc. Mudei de casa, vem me visitar! Beijos, Michela

gabriela disse...

a-do-rei o texto.
concordo muito.acho que nem todo mundo nasceu pra coisa.
é pra se pensar.

http://maeporacaso.spaceblog.com.br/

Viviane disse...

Kecia e Kira, meus pensamentos seguem quase a mesma linha do de vcs. Penso apenas na condição de trabalho de algumas mães, e eu me incluo, que simplesmente não podem abrir mão do seu trabalho pela simples condição de subsistência! Não é luxo, não é conforto, mas a manutenção dos básicos para se criar um filho.
Percebo que a grande maioria das mamães que participam ou possuem blog tem profissões bem bacanas que permitem horário flexível, home office, ou mesmo são autônomas, o que aí minha cara, facilita bastante a coisa.
Eu trabalho como analista de RH, marcando cartão de ponto, trabalhando em média 9 horas por dia e trabalho a 15km de casa. Meu horário de almoço é apertado, ñ tenho jeito de vir em casa, mas o tempo que tenho disponível, é dedicado ao João Victor integralmente. Não abro mão de dar o banho da noite, de brincar, de estimulá-lo, sou a melhor mãe que posso ser. Sem neuras, sem comparações.
Adorei o post e os comentarios.
Bjooo.

Vivi, do www.mamaeatomica.blogspot.com