sábado, 6 de agosto de 2011

Lembranças da infancia, grandes aprendizados, e um pouco de saudade.

Uma das minhas maiores lembranças de infancia, era o sábado. Eu lembro certinho da minha rotina aos sábados. Meu pai, me acordava cedo me dando beijinho e me chamando para ir a igreja com ele. Que eu não ia. Ele e meu irmão iam para a Igreja e eu ficava com a minha mãe em casa.
De manhã, ajudava minha mãe com pequenas tarefas em casa, detestava lavar a louça, mais detestava mais ainda guardar a louça. Gostava de passar enceradeira na casa.
Na hora do almoço, minha mãe preparava um fogão de tijolos no quintal de casa, colocava uma panela, e me ensinava a cozinhar. Sim gente, ela me ensinava em forma de brincadeira.
Acredito que, ela sabia de alguma forma, que não estaria para sempre comigo.
Eu era expert em arroz com salsicha no fogão de quintal. E as vezes, até meu pai comia a comida que eu tinha preparado.
Depois de todos almoçarem, geralmente íamos para a casa da minha avó, e ficávamos lá, minha mãe tomando cerveja com a Tia Marlene, fazendo as unhas, tudo isso sentadas embaixo do pé de jaboticaba. Eu lembro que eu era muito pentelha, e sempre tomava a espuminha da cerveja.
Quando não íamos para a casa da minha avó, geralmente minha mãe hidratava meu cabelo, eu chamava minhas amigas em casa, minha mãe fazia um super lanche da tarde para a gente. Amigas, que até hoje estão comigo, e sempre lembramos disso.
No fim da tarde, geralmente íamos andar de bicicleta na praça, minha mãe sentava na grama e ficava conversando com a Regina, enquanto eu, a Camila, a Vanessa e as vezes até a Mirian - que não sabia andar de bicicleta - ficávamos brincando.
E eu acho que esse era o dia mais gostoso, porque minha mãe ficava comigo.Faziamos coisas de mãe e filha. E também, foi em um sábado que tudo mudou.
Me lembro que, meu pai me acordou e me chamou para ir na igreja e eu falei "não pai, prometo que a partir do sábado que vem vou com você todos os sábados". Me lembro também que eu estava no computador jogando algum jogo no emulador de Atari, e minha mãe passando pano no quarto dela. Ela me chamou, falou para eu ir chamar meu pai, e começou a passar mal. Depois disso eu não me lembro direito. Lembro que sai correndo de pijama, sai na rua e vi dois caras em um carro falando ao celular, pedi para eles me ajudarem, e coloquei dois estranhos dentro de casa. Enquanto um usava o telefone - provavelmente chamando ambulância - outro tentava fazer os primeiros socorros. E dai eu sai correndo, corri tantas quadras até chegar na igreja. E quando cheguei, já tinha um vizinho para me buscar para irmos para o hospital. E minha mãe faleceu. E a partir daquele sábado, tudo mudou, eu comecei a ir a igreja com meu pai todos os sábados durante alguns anos.

E eu lembrei de tudo isso, detalhe por detalhe, ontem enquanto comprava um fogãozinho de plástico e algumas panelinhas para a Beatriz. Pensei que talvez, eu nunca consiga fazer um fogãozinho de tijolos para ela, por falta de talento. E que talvez, com 9/10 anos ela me fale " QUE?brincar de cozinhar? Para mãe, eu to indo para o shopping!".

4 comentários:

Camila Faria disse...

Kira, que linda lembrança vc tem de sua mãe, dos momentos das brincadeiras, das idas para as pracinhas. É isso que a gente sempre tem que guardar de nossos entes queridos, os momentos bons! E proporcione muitos e muitos para sua linda Beatriz!

Camila disse...

Eu disse que comentaria sempre...
Mas nesse ai eu chorei! =(

Karin disse...

Me emocionei muitooo com sua história! Poxa... tomara que sua filha tenha paixão por cozinhar... e ter esse momento contigo!

Beijos

Karin

gabriela disse...

puxa...chorei...

bjbjbj

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